quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Gentileza Relevante!

Na aula do dia 1º de setembro fizemos um acordo que deveria ser anotado no portifólio. Este acordo estipulou que todos os eventos que ocorressem em sala de aula deveriam ficar em sala de aula. Este acordo contou com as palavras chaves abaixo:
  • Discrição
  • Transparência
  • Respeito
  • Envolvimento
  • Seriedade
  • Paciência
  • Tolerância
  • Equilíbrio
  • Comprometimento
  • Responsabilidade
  • Empatia
  • Humildade.
Acredito que este acordo tenha sido elaborado em razão dos comentários referentes ao ocorrido na última aula.

A última aula foi segunda-feira – 30/08/2010. Eu faltei. Estava com muita dor de cabeça. Soube que houve uma dinâmica de familiaridade e que a uma pessoa foram atribuídas características negativas da personalidade. Pelo que soube, foi feito um sorteio onde cada um tirou um nome de um colega (tipo um amigo oculto), depois, era preciso escrever algumas características dessa pessoa que os outros colegas, ao lerem, poderia identificá-la facilmente. Depois foi feito um novo sorteio, só que com os papéis em que estavam apenas as características. Cada um deveria ler o papel que tirou em voz alta e dizer quem ele achava que era a pessoa descrita no papel. Parece que foi um rebuliço na sala. Não imagino quem escreveu, nem sei direito o que foi escrito, mas por algum tempo especulei quem poderia ser... Infelizmente somos julgados e muitas vezes condenados pelo comportamento apresentado, jeito de ser... E as pessoas ao redor muitas vezes (na maioria das vezes) não sabem o que nos leva a ser quem somos. Neste dia lembrei-me de Nietzsche “Torna-te quem tu és”. Tornar-se quem se é, mostrar-se, assumir-se muitas vezes é doloroso. Queria muito ter participado desta aula.

Fiz esse relato no dia 30/09, na minha agenda. Mas, hoje ao escrever lembrei-me de Maquiavel - "A um príncipe, portanto, não é essencial possuir todas as qualidades, mas é bem necessário parecer possuí-las.". O mundo é cruel com quem torna-se quem se é. É mais conveniente parecer ser, do que ser realmente. Isso é triste. Nas organizações isso também acontece muito. Vivem em busca de alguém que na verdade não precisam ter as qualidades esperadas, mas que pareçam tê-las... Eu ainda prefiro a verdade.

Trecho de Maquiavel – O Príncipe
A um príncipe, portanto, não é essencial possuir todas as qualidades acima mencionadas, mas é bem necessário parecer possuí-las. Antes, ousarei dizer que, possuindo-as e usando-as sempre, elas são danosas, enquanto que, aparentando possuí-las, são úteis; por exemplo: parecer piedoso, fiel, humano, íntegro, religioso, e sê-lo realmente, mas estar com o espírito preparado e disposto de modo que, precisando não sê-lo, possas e saibas tornar-te o contrário, Deve-se compreender que um príncipe, e em particular um príncipe novo, não pode praticar todas aquelas coisas pelas quais os homens são considerados bons, uma vez que, freqüentemente, é obrigado, para manter o Estado, a agir contra a fé, contra a caridade, contra a humanidade, contra a religião. Porém, é preciso que ele tenha um espírito disposto a voltar-se segundo os ventos da sorte e as variações dos fatos o determinem e, como acima se disse, não apartar-se do bem, podendo, mas saber entrar no mal, se necessário.
Um príncipe, portanto, deve ter muito cuidado em não deixar escapar de sua boca nada que não seja repleto das cinco qualidades acima mencionadas, para parecer, ao vê-lo e ouvi-lo, todo piedade, todo fé, todo integridade, todo humanidade, todo religião; e nada existe mais necessário de ser aparentado do que esta última qualidade. É que os homens em geral julgam mais pelos olhos do que pelas mãos, porque a todos cabe ver mas poucos são capazes de sentir. Todos vêem o que tu aparentas, poucos sentem aquilo que tu és; e esses poucos não se atrevem a contrariar a opinião dos muitos que, aliás, estão protegidos pela majestade do Estado; e, nas ações de todos os homens, em especial dos príncipes, onde não existe tribunal a que recorrer, o que importa é o sucesso das mesmas, Procure, pois, um príncipe, vencer e manter o Estado: os meios serão sempre julgados honrosos e por todos louvados, porque o vulgo sempre se deixa levar pelas aparências e pelos resultados, e no mundo não existe senão o vulgo; os poucos não podem existir quando os muitos têm onde se apoiar. Algum príncipe dos tempos atuais, que não convém nomear, não prega senão a paz e fé, mas de uma e outra é ferrenho inimigo; uma e outra, se ele as tivesse praticado, ter-lhe-iam por mais de uma vez tolhido a reputação ou o Estado.

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