terça-feira, 25 de janeiro de 2011

A cobra e o vaga-lume

Imaginei que eu poderia voltar a escrever aqui durante as férias... Até imaginei o motivo pelo qual isso aconteceria, apesar de, no fundo, não desejar que isso acontecesse.
Escolhi escrever aqui porque estamos falando de RH. Não sei o que vocês pensam quanto à importância do clima organizacional. Para mim, ele é fundamental. E a meu ver, pelo menos 80% do clima organizacional está ligado às relações interpessoais no trabalho.
Acreditem ou não, as relações no trabalho estão diretamente ligadas à satisfação na realização do serviço, empenho em fazer bem feito e em exceder as expectativas. O apoio recebido pelos colegas no dia a dia da rotina na organização torna a tarefa executada mais leve e muitas vezes até prazerosa.
O problema é quando acontece o contrário. Quando não há apoio, ou pior, quando há competição desleal. Quando não há empatia, quando não há confiança, integração e companheirismo. Aí é que a coisa aperta.
O clima nas relações pode ser afetado por diversos fatores. Hoje gostaria de falar de um fator: O medo de ser substituído. Muitos agem com perfídia em detrimento do outro por que têm medo de que o outro conquiste o que um dia foi seu. É muito comum isso ocorrer em organizações. Pessoas que estão estabilizadas e até acomodadas se vêem ameaçadas por alguma energia nova que aparece no pedaço. E aí, ao invés de tentarem harmonizar a situação para que todos ganhem, principalmente a empresa, começam a correr pelos lados, com apenas um objetivo. Detonar quem o ameaça.
Quando isso acontece o clima deteriora. E isso pode ocorrer de duas maneiras. De uma forma clara de sabotagem ou de uma forma totalmente avessa, enganadora, manipuladora. É aí que mora o perigo. Quando você descobre, muitas vezes, é tarde demais. Você já foi desestimulado, desamparado, destituído de acreditar que pode chegar lá. E se você não faz o tipo competidor, abandona o jogo de cabeça baixa... Sem olhar para trás. Bate em retirada para evitar a fadiga. Falta de profissionalismo? Falta de inteligência emocional? Falta de preparo para a realidade esmagadora das organizações?
Bom, não sei. Há quem pense que sim. Penso apenas que há situações em que a melhor vitória é vencer a batalha e em outras, o melhor é desistir dela com integridade. O desgaste não vale a pena. Os fins nem sempre justificam os meios.
Todo esse texto em torno dessa historinha abaixo que deu título a este post:

A cobra e o vaga-lume

Era uma vez uma cobra que começou a perseguir um vaga-lume que só vivia para brilhar. Ele fugia rapidamente, com medo da feroz predadora, e a cobra nem pensava em desistir.
Fugiu um dia e ela não desistia, dois dias e nada… No terceiro dia, já sem forças, o vaga-lume parou e disse à cobra:
– Posso fazer-lhe três perguntas?
– Não costumo abrir esse precedente para ninguém, mas já que vou comer você mesmo, pode perguntar…
– Pertenço a sua cadeia alimentar?
– Não.
– Te fiz alguma coisa?
– Não.
– Então, por que você quer me comer?
– Porque não suporto ver você brilhar…

Tomem cuidado. Observem. Controlem-se. E sejam éticos. Sempre. (Baseado em histórias reais).